Morto aos 76 anos, Ozzy Osbourne era satanista, provocador ou apenas um artista?
Nesta terça-feira, 22 de julho de 2025, o mundo da música se despede de uma de suas figuras mais enigmáticas e provocadoras: Ozzy Osbourne, fundador do Black Sabbath, morreu aos 76 anos. Entre aplausos e polêmicas, o legado do "Príncipe das Trevas" deixa muitas perguntas no ar — principalmente para quem enxerga a vida pela lente da fé cristã.
Ozzy ficou conhecido não só por sua voz marcante e pelas origens do heavy metal, mas também por flertar abertamente com temas sombrios, religiosos e até mesmo anticristãos. Em seu último álbum, por exemplo, causou novo alvoroço com a música “One of Those Days”, na qual canta: “É um daqueles dias em que eu não acredito em Jesus”. O incômodo foi tão grande que o próprio Eric Clapton tentou dissuadi-lo de manter a letra — sem sucesso. Era Ozzy sendo Ozzy.
Mas ele foi além. Uma de suas composições mais icônicas, “Mr. Crowley”, é uma homenagem direta a Aleister Crowley, mago ocultista britânico conhecido por pregar uma espiritualidade esotérica e antagônica aos valores cristãos. O mesmo Crowley que influenciou Raul Seixas no Brasil e uma legião de pensadores que se afastaram da fé bíblica.
Com o Black Sabbath, Osbourne ajudou a moldar uma estética sonora e visual que, para muitos, romantizava o lado sombrio da existência: bruxaria, trevas, morte, rituais. Uma fase que ficou ainda mais tensa nos anos 1980, quando a canção “Suicide Solution” foi acusada de incentivar o suicídio. Ele negou: dizia que a letra era uma crítica ao alcoolismo, e não um chamado à morte. Mas o dano à reputação já estava feito.
Mesmo assim, sua relação com a fé sempre foi ambígua. Ozzy se declarava católico, era membro da Igreja da Inglaterra, e costumava orar antes dos shows — como revela o documentário God Bless Ozzy (2011). Em sua autobiografia, conta que frequentava escola dominical por influência da mãe e dos amigos. Em diversas músicas recentes, ainda clamava por Deus, mencionava Jesus, pedia orações.
Satanista de verdade? Segundo ele, nunca foi. Tudo não passava de “teatro”, um papel que caiu como uma luva — mas que também atraiu satanistas reais e obrigou a banda a se proteger com cruzes de metal forjadas, por sugestão do pai de Ozzy.
O que isso tudo significa? Era apenas encenação artística? Uma crítica velada à religiosidade? Ou havia ali uma inquietação espiritual real, que atravessou toda sua trajetória?
A morte de Ozzy Osbourne convida à reflexão. Que tipo de mensagem temos consumido — e idolatrado? Existe limite entre arte e espiritualidade? Dá para brincar com o sagrado sem consequências?
Como cristãos, cremos que só Deus conhece o coração. Mas não podemos ignorar o impacto de artistas que moldam o imaginário coletivo. Ozzy pode ter se despedido deste mundo, mas os questionamentos que ele levantou — intencionalmente ou não — continuam vivos.