Cristão anti-Oruam: crime da arte ou a arte do crime
A prisão do rapper Oruam, conhecido por letras que misturam ostentação e suposta crítica social, escancarou uma realidade inconveniente: a cultura de idolatria a criminosos disfarçados de artistas.
Sob a máscara de um “cantor contestador”, Oruam usava sua casa como abrigo para bandidos foragidos da justiça — segundo o secretário de Polícia Civil, delegado Felipe Curi, ele é “mais um elo do crime organizado”, e não restam dúvidas quanto ao seu envolvimento direto com facções criminosas.
O delegado disse que o cantor vai responder por 7 crimes: tráfico, associação para o tráfico de drogas, lesão corporal, ameaça, resistência qualificada, dano ao patrimônio público e desacato. Oruam foi preso na última terça-feira, dia 22 de julho.
“Se havia alguma dúvida de que o Oruam seria um artista periférico ou um marginal da pior espécie, hoje nós temos certeza de que se trata de um criminoso faccionado, ligado ao Comando Vermelho, facção que o pai dele, o Marcinho VP, controla a distância de fora do estado, mesmo estando preso em presídio federal", disse Curi em entrevista ao Bom Dia Rio.
O choque da prisão vai além do noticiário policial. Ele nos obriga a encarar uma questão moral cada vez mais presente: por que a sociedade insiste em romantizar comportamentos criminosos quando vêm embalados em clipes bem produzidos, carros importados e milhões de seguidores nas redes sociais?
Na cultura contemporânea, há um incentivo perverso à glamurização do crime. Figuras como Oruam são tratadas como "gênios incompreendidos", quando na verdade representam uma distorção profunda dos valores que deveriam guiar qualquer sociedade saudável.
O resultado é uma juventude fascinada por um estilo de vida que mistura armas, dinheiro sujo e suposta liberdade — tudo sob o manto da “arte”.
A liberdade, no entanto, não é libertinagem. E a arte, longe de ser escudo para o crime, deveria ser reflexo da verdade. Quando um artista usa sua visibilidade para acobertar práticas ilegais, estamos diante de um agente de corrupção cultural, e não de um ícone de resistência.
A fala do delegado responsável pelo caso foi direta e sem eufemismos: "Ele não era apenas um cantor. Ele fazia parte da estrutura do crime. A casa dele era um esconderijo de criminosos perigosos".
Essa declaração derruba qualquer tentativa de relativização. A prisão de Oruam não é censura à arte — é justiça contra o crime.
Para entender o caso
A prisão de Oruam, rapper que ganhou notoriedade entre os jovens com letras recheadas de ostentação e apologia ao crime, revela uma face perigosa da cultura urbana atual: a romantização da criminalidade.
Oruam, nome artístico de Mauro da Silva Santos Nepomuceno, tem 24 anos e é filho de Marcinho VP, um dos mais notórios traficantes da história do Brasil e líder da facção criminosa Comando Vermelho.
O rapper nasceu dentro de um presídio, fruto de uma visita íntima à cela de seu pai — símbolo literal e simbólico de como a violência e o crime foram normalizados e, em muitos casos, celebrados.
Enquanto jovens o seguem como referência, os números da violência no país continuam alarmantes. De acordo com o Atlas da Violência 2024, só em 2022 foram registrados 46.409 homicídios no Brasil, dos quais 49,2% vitimaram jovens entre 15 e 29 anos.
Isso representa 22.864 jovens assassinados em apenas um ano — uma média de 62 mortes por dia. A juventude brasileira, especialmente a mais vulnerável, está sendo esmagada por um sistema onde o tráfico vira estilo de vida e onde figuras como Oruam simbolizam a ascensão do crime organizado disfarçada de arte e sucesso.
O caso de Oruam é mais do que um escândalo pontual. Ele evidencia o quanto o crime organizado já infiltrou o imaginário popular, influenciando comportamentos, linguagem, moda e valores — e como parte da sociedade, ao invés de combater, aplaude esse fenômeno.
Como devemos agir
Como cristãos, precisamos estar atentos ao que consumimos e exaltamos. O entretenimento nunca pode ser um atalho para a degradação moral. A Bíblia já nos alerta: “Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem, mal” (Isaías 5:20). Quando a sociedade dá legalidade e prestígio a quem vive deliberadamente fora da lei, estamos cultivando ídolos de barro e construindo altares para bandidos.
O caso Oruam deve servir como alerta para pais, educadores, jovens e influenciadores: nem todo “artista” merece palco. Há quem vista o microfone apenas para amplificar o crime. E se o talento vira escudo para a impunidade, estamos mais perdidos do que imaginamos.